A START UP PERFEITA
Data: 28/02Por: Roberto Zabeo
Por tudo o que vemos diariamente em nosso trabalho de avaliar e recomendar startups para investimentos pudemos desenvolver o ideal de uma startup perfeita.
Os passos para construi-la começam (e muitas vezes terminam se não forem seguidos) com:
- Desenvolvimento de inovação essencial sustentando a criação objetiva de valor para um grupo significativo de compradores e usuários
- Modelo de negócios e de operação compatíveis para a “entrega” do valor proposto
- Estrutura funcional e habilidades de gestão para sustentar o modelo de negócios e a operação
- Determinação clara do modelo de valor criado pela empresa para que as contas “fechem” (entradas, saídas e investimentos), os riscos sejam avaliados e a perspectiva de crescimento seja visível e viável
Com isso bem desenhado - e existem muitas metodologias para se fazer -, o que vem a seguir na startup perfeita é “fazer a borracha tocar no asfalto”, ou seja, executar com precisão todos os passos fundamentais apontados. É nessa etapa que a arte subjuga a ciência e pouco se tem como metodologia específica.
Impossível é imaginar que um único indivíduo, por mais extraordinário que seja, possa dominar todas as competências e estilos de gestão necessários para fazer tudo o que é requerido para alavancar um negócio do zero até que possa ser considerado um sucesso (começando pelo endosso - e adesão maciça - dos clientes, compensação do esforço dos empreendedores e retorno polpudo para os investidores).
As características individuais e estilos dos empreendedores, sejam quais forem, têm que atender três interesses e focos principais que marcarão definitivamente os passos de uma startup perfeita, são eles:
1. Interesse e Conhecimento Aprofundado sobre Inovação/Produto
Isso significa que ideias sobre determinada inovação e a forma como iriam resolver problemas práticos de um grupo de clientes (ou seja, o que cria valor), não têm realização prática se não forem sustentadas do como transformá-las em algo que sabemos realizar e melhorar. O fazer é inalienável e intransferível fazendo parte intrínseca de qualquer startup perfeita (não é o caso de Steve Jobs?)
2. Construção das Bases do Negócio, sua Estratégia e Condução
Muitas startups sofrem a síndrome de Colombo - extraordinário visionário, mas péssimo CEO - que diz respeito a tomarem uma direção e não saberem exatamente onde irão chegar, quando eventualmente chegarem a algum lugar (na América) não saberão onde estão (nas Índias?) e quando voltaram não saberão onde estiveram.
Este passo, o da construção do negócio, exige que o empreendedor desenvolva extraordinária habilidade de criar e transmitir objetivamente as formas de estruturar sua viagem para o futuro; o amanhã tem que ser transferível para hoje, para o agora. Além de um Business Plan, essa etapa exige que a estratégia e condução do negócio sejam efetivas, medidas e comunicadas de forma tecnicamente perfeita. Além de mapas de navegação para a própria tripulação servem também como bússola para um grupo de investidores que têm uma enorme quantidade de alternativas para consideração. Por melhor que seja sua proposta de valor e sua possível viabilidade como negócio, qualquer startup necessita uma voz técnica, e ao mesmo tempo, convincente e vendedora para poder conseguir o que é requerido para vencer as diversas etapas de seu desenvolvimento.
3. Operação
A característica fundamental de um startup perfeita é a de poder gerar rápida escalabilidade. Operar em ambientes mutáveis, com a necessária velocidade e agilidade de forma a fazer os negócios crescerem não é virtude possuída por muitos. Aglutinar e desenvolver conhecimentos e interesses durante 24 horas ao dia, por meses, sem perder foco é o que minimamente se espera da competência de operar. Aprender, sintetizar, priorizar, decidir e acionar são as palavras-chave que impulsionam essa atividade que deve ser totalmente alinhada com as demais.
Confesso que até agora não encontrei nenhuma startup perfeita, mas continuarei na busca. Para isso, os passos metodológicos iniciais e a sequência que implica num modelo claro de governança e liderança desenvolvido profissionalmente e com disciplina, estabelecem uma única premissa fundamental para lançarmos as bases do modelo da perfeição: pessoas com características certamente diferentes, conduzidas numa mesma direção pelo propósito inabalável de alcançar algo que faça a diferença em suas vidas e na vida de muitas outras pessoas através da criação contínua de valor, de benefícios e de bem-estar. Afinal, não é essa é a essência do empreendedorismo?