Anjos devem manter atividade em 2017

Data: 19/12

As alterações no Simples para estimular o investimento­anjo devem colaborar para a vitalidade do segmento. A nova lei define a estrutura e a segurança jurídica do investidor e os prazos do investimento ­ no mínimo dois e no máximo sete anos ­ e pode mitigar efeitos do cenário econômico que levaram à redução do ritmo de expansão dos aportes. "A nova legislação resolveu os principais entraves para a adesão de novos investidores­anjo", diz Cássio Spina, presidente da Anjos do Brasil. Pesquisa da entidade no primeiro semestre mostra algumas alterações no perfil do segmento. Na prática, a estimativa é que os investimentos cresçam em torno de 4% neste ano, contra dois dígitos nos anos anteriores. A projeção de alocação individual nos próximos dois anos caiu de R$ 338 mil em 2014 para R$ 234 mil em 2016, com previsão de potencial somado passando de R$ 2,9 bilhões para cerca de R$ 1,7 bilhão. Em 2014 só 26% dos entrevistados projetavam investir até R$ 100 mil ­ em 2016 são 39%. Já o grupo dos que pensavam investir mais de R$ 1 milhão caiu de 7% para 1%. A participação de empresários e executivos aumentou ­ respectivamente, de 42% para 49% e de 23% para 31% dos entrevistados. Para Spina, uma parte maior dos recursos deve ter sido alocada para negócios próprios dos investidores. A organização tem 14 grupos regionais e em 2016 viu anjos participantes investirem em startups como Brasil Mate, Conpass, Filho sem Fila, Find Me, Geek Hunter, PetAnjo e Super Dental. Spina acredita que segmentos como fintechs, agrotechs, machine learning, inteligência artificial e chatbots devem permanecer em alta. O Gávea Angels também inaugurou sua primeira regional, em Minas Gerais, e chegou em 2016 a 65 anjos, mais que o dobro do ano passado, mas em 2016 o único aporte registrado foi uma nova rodada na Hotel Quando, em conjunto com outros investidores. "Somado, o potencial de investimento chega a mais de R$ 20 milhões até 2018", diz a presidente Camila Farani. Empreendimentos mais maduros estão na mira dos anjos. A Bossa Nova, de João Kepler e Pierre Schurmann, passou a se interessar por startups com bom desempenho, em busca de capital pré­semente para apoiar o crescimento com marketing e vendas. A estratégia encolhe o prazo previsto para saída. Neste ano, foram 22 aportes no Brasil e mais 11 nos Estados Unidos, somando mais de R$ 2,5 milhões com foco em soluções B2B empresariais e para segmentos específicos, como finanças, saúde e educação. A empresa tem dinheiro em caixa decorrente de vendas. Deve ter mais algumas saídas em 2017 e passar das 70 investidas atuais para perto de 200. Segundo Kepler, uma das tendências para 2017 é o crescimento dos clube de anjos, organizados com modelo de "vaquinha" e foco em algum nicho, como saúde ou educação. "É uma forma de mitigar os riscos", avalia. O Harvard Angels também registrou novos negócios e crescimento de 20% no número de anjos. Em 2016, avaliou mais de 150 projetos, detalhou 20 e viu três serem escolhidos para receber no total R$ 2,5 milhões, 80% de associados, descreve o presidente Magnus Arantes. O grupo anunciou este ano parceria com o projeto Xcala, iniciativa do BID para fomento de redes de investimento anjo para a América Latina e Caribe, e mantém programa de mentoria ­ as investidas contam com líder e vice­líder para centralizar a comunicação e ativar recursos da rede. Por Martha Funke | Para o Valor, de São Paulo Finanças Últimas Lidas Comentadas Compartilhadas Pequenas empresas sofrem restrições em cartão do BNDES  05h00 Cemig vai trocar comando nesta semana, diz agência 18/12/2016 às 22h43 Travessia da fronteira com a Venezuela tem ao menos 50 pessoas na fila 18/12/2016 às 20h30 Credit Suisse reduz recomendação para ações brasileiras  05h00 Ver todas as notícias Vídeos Dólar volta a subir após Fed 16/12/2016      Captações externas Operações mais recentes Tomador Valor* Meses Retorno** Ultrapar 750 132 5,5% Votorantim 500 123 6% BRF 500 120 4,625% Minerva 1.000 84 6,625% Vale 1.000 120 6,25% g1 ge gshow famosos vídeos comunicação e ativar recursos da rede. A Latin America Angels Society (Laas) hoje tem 26 investidores ativos, frente a 15 no início do ano, e em 2016 investiu nas startups Mobcity (caronas corporativas), Justto (soluções jurídicas) e Job Models (contratação de modelos). A empresa também é credenciada no Xcala e tem parceria com a chinesa Baidu, que lançou em setembro fundo de US$ 60 milhões para startups brasileiras. "Já avaliamos 120 iniciativas", diz Renato Simon, um dos dirigentes da Laas. Por sua vez, o investidor Carlos Júnior, associado do Gávea Anjos, fundou a aceleradora Sai do Papel para apoiar startups em estágios iniciais. Neste ano o investidor fez três aportes. Hoje mantém seis investidas como pessoa física e outras seis na aceleradora, onde reúne mais dez aceleradas. "O crescimento do investimento­anjo nas economias emergentes decorre do entendimento de como funciona o sistema capitalista", avalia Newton Cardoso, do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital (FVcepe) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo ele, outra tendência em alta é o investidor pesquisador (search fund), espécie de head hunter para identificar oportunidades para investidores assumirem empresas com potencial de crescimento. http://www.valor.com.br/financas/4811281/anjos-devem-manter-atividade-em-2017